A LUTA PELA EDUCAÇÃO

Uma carta aberta minha para a comunidade ABCéu: eu errei, e estou aqui para concertar meu erro.

Desde cedo sempre soube que meu lugar no mundo era dentro da esfera da educação.

Aos 15 anos de idade tive a oportunidade de estudar em uma das melhores escolas do sudeste asiático, com um dos currículos mais renovados do mundo, o IB. Essa experiência acendeu minha missão: levar ao Brasil tudo que eu tive o privilégio de vivenciar fora, metodologias e culturas escolares como eu nunca tinha vivenciado no Brasil antes.

Fast forward, nasceu a ABCéu. A ideia inicial era montar uma franquia, com guias de gestão escolar, cultura, currículo e processos para escolas, juntamente com o planejamento arquitetônico e standards de qualidade internacional.

Em conjunto com uma empresa que faz estudos de mercado e viabilidade de negócios, começamos o processo de viabilidade do modelo de negócio de franquia na área da educação. Nesse meio tempo, iniciamos nossa parceria com a Escola Piá, que hoje se chama ABCéu Escola Infantil, onde a Adri, dona da escola, me recebeu de braços abertos para ser a escola piloto dessa ideia.

Depois de muitos meses, com o estudo de mercado pronto e tendo mais contato com a realidade das escolas no Brasil (até então meu contato com escolas, como profissional formada, foi com escolas internacionais no exterior) percebi que o modelo de franquia daria muito certo... mas apenas para a elite das elites. Os custos de montar uma franquia, com o que há de melhor, significaria que a mensalidade ficaria fora da realidade da maioria das famílias brasileiras. Minha missão nunca foi desenvolver algo que somente a elite teria acesso, mas sim, impactar a educação de forma realística onde todos teriam acesso a educação de qualidade.

Tivemos nosso evento em Santa Cruz do Sul, e durante e depois do evento, fui bastante cobrada para levar o propósito da ABCéu para mais lugares, fazer um impacto maior na educação. Com muito investimento já feito na ABCéu, e muitas contas para pagar (pois o evento não cobriu nem a metade dos custos), me senti com as mãos atadas. Tirei um tempo para refletir e repensar o que estava fazendo. Em alguns momentos, a vontade de desistir bateu, mas minha rede de apoio sempre me lembrava do meu propósito. Me sentia fracassada. Investindo financeiramente sozinha na ABCéu pesou muito. Abri mão de muitas coisas para poder arcar com os custos de continuar com esse sonho, mas sem ele, eu me sentia sem um propósito. Sabia que sem a ABCéu, eu não estaria inteira. Então, tive que tirar forças do dedão do pé para reestruturar o meu sonho, e colocar a ideia de uma franquia plausível no estacionamento (como falamos em inglês). Foi então que veio a decisão de deixar a idea da franquia para trás uma vez por todas e começar novamente com o que eu sei fazer de melhor e tenho feito na Indonésia, impactando a educação aqui. Afinal, se funciona aqui, pode funcionar no Brasil também. Com o apoio da Yaundé, que faz a gestão de conteúdos da ABCéu, fizemos um estudo de mercado, e realmente, percebemos que o que faço aqui teria grande impacto no Brasil: apoiar diretores e professores através da consultoria e treinamentos, e apoiar as famílias através da mediação. Esses apoios impactam a cultura escolar, e como resultado disso, impactam diretamente a educação das nossas crianças.

Gente, que decisão difícil! Como é difícil deixar de lado algo que investimos tanto emocionalmente e financeiramente. Foram meses pensando, repensando...

No evento eu disse "não vou desistir de humanizar a educação", e não vou! E assim, inicia-se uma nova fase do Método ABCéu. Agora, apenas ABCéu, mas com o mesmo propósito: impactar a educação para TODOS!

Errei, mas também aprendi muito. Transformei a minha dor de ter dificuldades na escola quando criança, em um propósito de vida. E assim, convido a todos vocês que se importam com a educação do nosso país a acompanharem essa nova fase da ABCéu.

Um abraço apertado,

Tati